A luta pela criação da categoria “escola do campo” e pela implementação do fundamental II nas escolas da costeira fazem parte da trajetória que une diversos atores em prol da educação.
Foram aprovadas, na última quarta-feira, dia 19 de outubro, pelo Conselho Municipal de Educação de Paraty (RJ), duas conquistas dos movimentos sociais que lutam pelo direito à educação das comunidades tradicionais na região. O CME aprovou a implementação da categoria “Escola do Campo” para o município e do Fundamental II para as escolas da costeira, iniciando pelas comunidades do Pouso da Cajaíba e da praia do Sono. Ambas medidas ainda precisam ser sancionadas pelo executivo, mas o parecer do conselho dentro do contexto é positivo.
O movimento pela implementação da educação diferenciada nas comunidades tradicionais de Paraty é formado por diversos atores. Caiçaras, indígenas, quilombolas e técnicos formaram o Coletivo de Educação Diferenciada em Paraty. Há anos em articulação, lideranças comunitárias, professores, pesquisadores, e demais ativistas deste olhar sobre a educação celebraram juntos a primeira etapa desta vitória. O Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) e Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS) junto a organizações parceiras, como Universidade Federal Fluminense (UFF) e Colégio Pedro II, tem atuado nos últimos anos em busca de fortalecer os processos da educação diferenciada em algumas comunidades.
“Vencemos uma primeira etapa de luta que ainda continua. Ainda faltam muitos passos para ampliar a implantação de políticas efetivas em educação escolar para as comunidades tradicionais”, pontua o professor Domingos Nobre, do Instituto de Educação de Angra dos Reis (UFF- IEAR). O professor tem atuado diretamente no território por meio de ações que contemplam os saberes tradicionais como forma de construir uma educação que valorize os modo de vida das pessoas em seus lugares.
O que é a escola do campo?
A categoria escola do campo foi criada para todo o município de Paraty, não somente para as escolas da costeira. Assim como já acontece em outros lugares no Brasil, a categoria foi criada como forma de dar subsídio aos saberes que integram a vida no campo. Diferente dos centros urbanos, a educação do campo precisa valorizar e dialogar com o modo de vida daqueles que estão em constante contato com a natureza, a agricultura e vivem em comunidades tradicionais. A criação da categoria é um primeiro passo na busca por uma educação que garanta esse direito.
Continuidade da educação para as comunidades tradicionais.
A garantia do Fundamental II nas comunidades do Pouso e do Sono representa a continuidade dos estudos em cada um desses locais. Crianças e jovens, que hoje precisam sair para estudar em outros locais, poderão permanecer por mais tempo em seus territórios.
Implementado pela primeira vez durante este ano pela Secretaria Municipal de Educação, com processo pedagógico coordenado pela UFF-IEAR, o ciclo que integra do sexto ao nono ano do ensino fundamental está em processo de regularização, e ter sido aprovado por este conselho representa o começo da concretização deste sonho antigo de comunitários e educadores.